O Papa recebeu nesta sexta-feira (11) o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, com quem conversou em privado durante 35 minutos, evocando o massacre de Bucha e as pessoas deportadas na Rússia, informou a Santa Sé.

A terceira visita do líder ucraniano ao Vaticano decorreu esta manhã, no contexto de um périplo de Zelensky a vários países europeus.

O presidente da Ucrânia ofereceu ao Papa um quadro que retrata o “horror de Bucha”, no qual uma criança vê os soldados russos torturarem e matarem o seu pai, a sua mãe e a sua avó.

O ataque de 2022 provocou a morte de mais de 630 civis na pequena cidade, situada poucos quilómetros a norte de Kiev.

Francisco, por sua vez, ofereceu uma peça de bronze, com uma inscrição que apresenta a paz como “uma flor frágil”.

O Papa entregou também uma obra sobre a vida clandestina da Igreja Greco-Católica Ucraniana, para “documentar o legado dos mártires e confessores da fé”, durante a ocupação soviética.

Após a audiência privada, Zelensky encontrou-se com o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, acompanhado por D. Paul Richard Gallagher, secretário para as Relações com os Estados do Vaticano.

“As conversações na Secretaria de Estado foram dedicadas ao estado da guerra e à situação humanitária na Ucrânia, bem como às formas que poderiam pôr-lhe termo, conduzindo a uma paz justa e estável no país. Para além disso, foram também examinadas algumas questões relacionadas com a vida religiosa no país”, indicou uma nota enviada aos jornalistas pela sala de imprensa da Santa Sé.

A diplomacia do Vaticano tem procurado intervir, junto de Moscovo, para a troca de prisioneiros e o repatriamento de crianças ucranianas.

“Para todos nós na Ucrânia, a questão das pessoas capturadas e deportadas continua a ser incrivelmente dolorosa. Trata-se de adultos e crianças, muitos civis, que se encontram atualmente detidos em prisões e campos na Rússia”, referiu o presidente da Ucrânia, em nota divulgada na redes sociais, referindo-se à morte da jornalista ucraniana Viktoria Roshchyna.

Muitos outros jornalistas, figuras públicas, líderes comunitários dos territórios ocupados e pessoas comuns que foram capturadas durante a ocupação russa continuam em cativeiro russo. A questão de trazer o nosso povo de volta do cativeiro foi o principal tema do meu encontro com o Papa Francisco, estamos a contar com a ajuda da Santa Sé para ajudar a trazer de volta os ucranianos que foram feitos prisioneiros pela Rússia”.

Em julho, o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, deslocou-se à Ucrânia, onde presidiu às celebrações no Santuário de Berdychiv, passando por Kiev.

A terceira visita do chefe de Estado ucraniano ao Vaticano aconteceu sete meses depois do encontro com o Papa, no Auditório Paulo VI, a 13 de maio de 2023.

Já a 14 de junho deste ano, Francisco e Zelensky tiveram oportunidade de se encontrar em privado, à margem da cimeira do G7, em Borgo Egnazia, na região italiana da Apúlia.