A cidade de Campina Grande, conhecida nacionalmente por sediar “O Maior São João do Mundo”, com um público de cerca de 2 milhões de pessoas, possui um patrimônio cultural que vai além das festas juninas. O artesanato local, especialmente a produção de peças em algodão colorido, tornou-se um dos maiores orgulhos dos campinenses, e é um exemplo claro de como a tradição e a inovação caminham juntas na região.

Essa fibra especial é resultado de décadas de pesquisa da Embrapa, que conseguiu domesticar e controlar a produção de algodão em quatro tonalidades distintas: rubi, safira, verde e bege. Diferente do algodão branco tradicional, o algodão colorido é produzido naturalmente com essas cores, sem a necessidade de tingimento. A produção está concentrada no interior da Paraíba e em Campina Grande, onde a fibra se transforma em peças artesanais que encantam pela exclusividade.

Na Vila do Artesão, espaço dedicado ao artesanato local, é possível encontrar roupas, bolsas, sandálias, bijuterias e objetos de decoração feitos com o algodão colorido. O local reúne cerca de 70 lojas de artesãos, que encontram no algodão colorido uma matéria-prima que alia sustentabilidade e tradição. “O tecido com algodão colorido custa o dobro do que é feito com algodão branco, mas vale a pena pela exclusividade”, explica Gecilda Souza, artesã que possui uma das lojas mais visitadas da Vila.

Para muitos artesãos, a época dos festejos juninos é um momento crucial para o comércio. A artesã Maria do Carmo, conhecida como Carminha, conta que é nesse período que o movimento de turistas aumenta, impulsionando as vendas de suas bijuterias feitas com o tecido bege amarronzado. “Essa é a hora de vender, aproveitar todos os visitantes na cidade, já que santo da casa não faz milagre”, diz, com um sorriso no rosto, enquanto mostra suas criações.

A história do algodão em Campina Grande remonta ao século passado, quando a cidade se destacou como um importante centro de exportação de algodão branco, transportado inicialmente por tropeiros e, mais tarde, pelo trem. Hoje, a tradição ganha um novo capítulo com o algodão colorido, que, além de fortalecer a indústria de tecidos, dinamiza a cadeia produtiva do artesanato e potencializa o turismo local. Esse renascimento da cultura do algodão traz uma nova identidade para a cidade, associando o passado histórico a uma produção moderna, sustentável e cheia de personalidade.

O impacto do algodão colorido vai além do artesanal. A fibra se tornou um símbolo de resistência cultural e inovação econômica, atraindo a atenção de consumidores de todo o Brasil que buscam produtos diferenciados. Além disso, a produção contribui para a preservação das tradições nordestinas, passando de geração em geração o saber fazer que caracteriza o artesanato da região.

Com isso, Campina Grande consolida-se não apenas como a capital do forró, mas também como um polo de valorização do trabalho artesanal, fortalecendo a economia local e atraindo investimentos para a cidade. O algodão colorido, que nasce do solo paraibano, traduz o espírito da cidade: único, resistente e cheio de vida.